segunda-feira, 24 de março de 2008

Descaso com a imprensa esportiva

A cada dia que passa me convenço mais de que ponta-grossense não dá muito valor pra sua gente. O melhor atleta sempre é o que vem de fora. O técnico mais competente é o que chega de outra cidade. O calçado especial é aquele comprado em boutiques de Curitiba. Enfim, vivemos numa nuvem de descrença e desvalorização irritante. Quando cheguei ao Ginásio Oscar Pereira, no último sábado, constatei mais uma vertente forte em nosso município. Abismado, observei cadeiras e mesas disponíveis para a imprensa de Guarapuava. Nada contra eles, pois acredito que inclusive são mais bairristas e atenciosos que nós. Não acredito que um Ginásio com tal envergadura não tenha local disponível para a imprensa. As arquibancadas - é de onde fazemos as transmissões - são rifadas. Quem chega primeiro consegue o melhor lugar. E olha, que cheguei com meu cinegrafista às 19h30 - uma hora antes da partida.
O que não entendo é de onde surgiram tantas cadeiras e mesas para a imprensa da região central do estado, e nós como uns bolhas, ficamos olhando o carinho de algumas pessoas com os visitantes. Não estou instigando niguém a ser grosseiro com as pessoas que vêm de fora, mas paciência tem limite. No Oscar Pereira a gente faz transmissão sentado num degrau da arquibancada, e se alguém se irritar conosco um dia, levaremos uma bateria de porrada, sem que alguém possa nos ajudar.
É claro, já transmiti jogo do Santa Paula em pé, no meio da torcida (Marechal Cândido Rondon), sentado em cadeiras, cercado por policiais, pois os torcedores nos intimidavam a todo instante (Guarapuava), na marquize das cabines de rádio, onde não havia nem escada para acesso - tivemos que empilhar cadeiras para subir no local (Paranavaí) e por fim de volta à Guarapuava, certa vez fiz uma transmissão de "fianco". Sabe o que é isto? A posição da câmera ficou em diagonal à quadra, quando sabemos que o ideal é ficar na região central. Mas em Guarapuava imprensa tem vez, é tratada com respeito. Naquele dia observei que as cabines centrais estavam destinadas à imprensa da cidade, e não eram nem emissoras de TV. Eram rádios. E por outro lado, já tivemos condições de estar em locais em que a imprensa foi tratada com o devido respeito. Ginásios com cabines próprias e gente atenciosa (Maringá, Cianorte, Pato Branco, Francisco Beltrão e Toledo).
Enfim, prezado leitor, é uma saga sem fim. Não sei, e nem vou fazer referência a quem deve ser atribuido tal descaso, mas digo que, tanto Santa Paula como poder público, pensem que a imprensa é formadora de opinião. Que burro é aquele que não acredita que precisa da força da imprensa, principalmente quando ela não é tendenciosa nem destrutiva.
Muitas vezes as pessoas vêm nos cumprimentar pela transmissão de um ou outro jogo, e falamos que, dentro das nossas limitações fazemos nossa parte. E quero dizer aos senhores, que a limitação do espaço para nosso trabalho deve passar pela análise do poder público, e qualquer equipe ou agremiação que quer ter um pouco mais de atenção da imprensa local. Imprensa sim, masoquistas não. Local apropriado para a imprensa de Ponta Grossa no Oscar Pereira .